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10% dos estagiários são os únicos responsáveis pelo sustento da família, aponta Ciee
Mensalidade escolar e gastos com casa, como contas de energia e água, são as principais despesas pagas com a bolsa-auxílio. Programas do governo também contribuem para complementar a renda
Um levantamento inédito divulgado pelo Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee) nesta quinta-feira (7/11) revelou que, dos 11.964 estagiários entrevistados em todo o país, 68% contribuem financeiramente para as despesas da casa, seja com ajuda parcial ou total. Desses, cerca de 10% são os únicos responsáveis pelo sustento da família.
A pesquisa mostra o quanto o programa de estágio é importante para a manutenção dos jovens no ambiente acadêmico e que, provavelmente, sem a bolsa-auxílio, eles não conseguiriam arcar com as mensalidades e demais necessidades da família”, contextualiza Monica Vargas, superintendente nacional de Atendimento do Ciee. De acordo com ela, a idade média nacional do estagiário é de 25 anos.
Realizada pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC), instituto brasileiro de pesquisas de mercado e opinião, e encomendada para o 15º Prêmio Ciee Melhores Programas de Estágio, o levantamento também destaca que, embora o número de jovens que são os únicos provedores de casa tenha reduzido 1% em relação ao ano passado, é o segundo maior desde 2019, quando a série histórica começou, registrando 6%. “O resultado mostra que as famílias, após a pandemia, estão conseguindo recompor a renda mensal, mas ainda em um processo lento”, explica Monica.
Renda familiar e auxílios
O Ciee também aponta que quase metade dos estagiários, 48%, vivem em famílias com uma renda mensal de até R$ 2.824. Nesse cenário, 16% dos estagiários complementam a renda familiar com o Bolsa Família, 9% com outros benefícios oferecidos pelos governos federal, estadual ou municipal, e 2% dependem do Benefício Assistencial de Prestação Continuada (BCP).
Quanto ao valor da bolsa de estágio, o montante médio pago aos estagiários no Brasil alcançou R$ 1.108,10, o maior valor da série histórica. No entanto, o destino do valor recebido permanece voltado, principalmente, para despesas educacionais e familiares. Cerca de 32% dos estagiários destinam o valor da bolsa para o pagamento da mensalidade escolar. As despesas da casa, como contas e alimentação, também consomem parte do auxílio, com 16% e 11%, respectivamente.
Para ajudar a arcar com os custos da educação, 40% dos estagiários entrevistados utilizam bolsas ou financiamentos estudantis. Dentre eles, 21% aproveitam programas oferecidos pela própria instituição de ensino, 11% utilizam o Programa Universidade para Todos (ProUni), 5% se beneficiam de programas de outras instituições e 3% recorrem ao Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies).
“Ao menos 48% dos estagiários entrevistados têm renda familiar de 1 a 3 salários mínimos, ou seja, essas famílias precisam compor a renda familiar com programas de transferência de renda para arcar com os custos de vida. Nesse cenário, consigo enxergar que esses jovens apostam na educação como motor para ascensão social e profissional”, acredita Monica Vargas.
Expectativas para o futuro
No que diz respeito ao futuro profissional, a pesquisa trouxe dados inéditos sobre os planos dos estagiários. Mais da metade dos entrevistados (51%) afirmou que gostaria de ser efetivado na empresa onde está estagiando, com um índice mais alto nas regiões Norte e Nordeste (54%).
Já 20% dos estagiários indicaram que o objetivo é conquistar uma vaga com registro na modalidade CLT, enquanto 13% ainda estão indecisos sobre os próximos passos. Outros 11% desejam buscar uma nova oportunidade de estágio antes de concluir o curso, 3% aspiram empreender, 2% sonham em trabalhar ou estudar no exterior, e 1% procura uma posição como prestador de serviços, sem vínculo empregatício.
Quando questionados sobre a organização onde estagiam, os estagiários deram uma nota média de 9,1 em uma escala de 0 a 10, refletindo uma avaliação positiva sobre as empresas que os acolhem.
“Eu acredito que quando esses jovens têm a oportunidade de ingressar em uma empresa que os encara como talentos, lhe dá oportunidades reais de desenvolvimento, eles conseguem vislumbrar um futuro de carreira. Um dos índices importantes na pesquisa é que, contradizendo a máxima que jovens não gostam da CLT, ao menos 51% deles gostariam de ser efetivados”, completa a representante do Ciee.
Perspectivas sobre o mercado
Por fim, a pesquisa também investigou as opiniões dos estagiários sobre o futuro do mundo do trabalho. Embora a carteira de trabalho digital e a flexibilização das relações de emprego estejam em pauta, 63% dos estagiários discordam da ideia de que o registro em carteira de trabalho deixará de ser uma realidade nos próximos anos.
Além disso, 60% dos entrevistados não acreditam que a modalidade CLT retira a liberdade das pessoas, destacando a preferência por uma relação de trabalho formal e protegida. “O que nos mostra que esses novos profissionais querem estabilidade e os seus direitos trabalhistas assegurados, ou seja, a CLT segue sendo um sonho para a geração Z também”, pontua Monica.
De acordo com Monica Vargas, os resultados da pesquisa retratam o cenário macroeconômico do país, evidenciando o peso econômico e social dos estagiários no Brasil, além de trazer à tona suas preocupações e expectativas em relação ao futuro profissional em um cenário de incertezas econômicas e transformações no mercado de trabalho.
A gestora acredita que programas de acesso ao mundo do trabalho estruturados, como o estágio, garantem aos jovens oportunidades qualificadas. “Dito isso, o estágio é um programa que não requer grandes arranjos na empresa, e é capaz de mudar a perspectiva dos jovens que estão buscando uma oportunidade. É com esse começo que temos o iníci
Fonte: Site Eu estudante / Imagem: Divulgação site Eu Estudante
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